Passa um ano e até voltamos a ter medidas parecidas com as que tínhamos anteriormente à gravidez, mas olho ao espelho e não gosto.
Queixo-me e até choro.
Vejo que mudei e não gosto do que vejo.
Estrias. Barriga deformada que teima em não voltar ao lugar.
Peito [ainda] mais pequeno, e torto (uma mama maior que a outra).
Passou o tempo e não gosto do que vejo.
Mas há um dia em que volto (a medo) ao espelho e olho, olho bem, olho com os olhos e com o coração e apenas me ocorre uma palavra : OBRIGADA.
OBRIGADA barriga por teres esticado até ao limite como um balão gigante prestes a rebentar (por duas vezes!)
OBRIGADA pernas por aguentarem firme os 12 quilos a mais com uma barriga em forma de barril a fazer perder o equilíbrio (por duas vezes!).
OBRIGADA peito por alimentares [mesmo que por pouco tempo] os meus bens mais preciosos.
OBRIGADA útero por manteres a salvo as razões do meu viver, durante 9 meses.
OBRIGADA meu corpo por gerares e cuidares com tamanha perícia e perfeição as minhas filhas. Funcionas como que por magia talvez, porque o corpo de uma mulher é capaz do dom mais incrível do mundo.
Por isso, quem sou eu para te julgar? Para te cobrar?
O meu dever é manter-te são. Fazer o meu melhor para cuidar de ti e de mim.
Que as minhas cicatrizes sejam a marca viva de momentos únicos que fizeram de mim uma Mulher melhor.